Fertilização In Vitro e Transferência de Embriões

A fertilização in vitro e a transferência de embriões são consideradas técnicas de alta complexidade, já que são um apoio tecnológico às funções naturais para se obter a concepção de vida, envolvendo metodologias no processo de aproximação dos gametas femininos (ovócitos) e masculinos (espermatozoides).

A fertilização in vitro possui uma série de indicações, sendo as mais frequentes: fator tubário (primeira escolha nos casos de obstrução tubária completa ); endometriose moderada e grave, infertilidade por fatores masculinos moderada; baixa reserva ovariana; infertilidade sem causa aparente (considerados aqueles casos em que após a pesquisa do casal, não são encontradas causas aparentes, mas isto não significa que ela não existam, significa que não foi possível diagnosticá-las) e falha de tratamentos menos invasivos como a inseminação intrauterina.

Após indicação da técnica de fertilização in vitro e transferência de embriões, é iniciada a propedêutica prévia ao início do tratamento, que consiste na realização de: Exames laboratoriais como hepatites B e C, VDRL (sífilis), HTLV I e II, ou seja, vários exames que são preconizados pela RDC33/06 (normas regulamentadoras da atividade de reprodução humana assistida). Exames ultrassonográficos que serão realizados no início do ciclo para avaliar o útero, ovários e a contagem dos folículos antrais para determinar a reserva ovariana (técnica de fundamental importância para definir os tipos de medicações que serão utilizadas durante a indução da ovulação).

A avaliação do sêmen do parceiro deve ser realizada pouco tempo antes do ciclo, para evitar processos infecciosos, diminuindo as taxas de sucesso. Todo este processo de investigação clínica e laboratorial deverá ser feito com responsabilidade e sempre acompanhado pelo médico com o intuito de aumentar cada vez mais as chances de gravidez. O objetivo é superar as dificuldades e produzir a gravidez como resultado direto da manipulação dos gametas (espermatozoides e ovócitos) no laboratório. O ciclo de fertilização compreende as seguintes etapas: Indução de ovulação, controle ultrassonográfico, preparo do sêmen, fertilização (fertilização in vitro), cultivo e transferência embrionária e complementação hormonal após a transferência dos embriões.

A indução da ovulação inicia-se com a individualização na escolha das medicações, pois cada paciente necessita de diferentes tipos e dosagens. No entanto, o sucesso do tratamento está correlacionado com a quantidade e qualidade de ovócitos puncionados. Após início do uso das medicações, começa a monitorização do desenvolvimento folicular (realizado através da observação dos ovários), sendo realizada por ultrassonografia transvaginal seriada.

Durante este período são realizados de quatro a seis exames ultrassonográficos e tudo irá depender da evolução de cada ciclo. Neste período, o casal deverá estar disponível para retornar a clínica qualquer dia ou hora. O processo de indução de ovulação termina quando é administrada uma medicação para ocasionar a maturação folicular final, podendo assim, ser programado o dia e a hora exata da aspiração folicular. A aspiração folicular é realizada mais ou menos, 34 horas após realização da maturação folicular final, usualmente feita por uma punção ovariana via vaginal, guiada por ultrassonografia. O conteúdo da aspiração é imediatamente entregue para a bióloga que fará a análise e classificação dos ovócitos. Depois deste procedimento, os ovócitos são transferidos para o meio de cultura e mantidos na estufa.

Enquanto isso, a amostra seminal é obtida através da masturbação em um ambiente específico, garantindo a privacidade total do parceiro. Em nossos serviços, há sempre o incentivo para que o casal esteja junto em todas as etapas de cada procedimento, garantindo assim, o entendimento de cada passo e fortalecendo ainda mais os laços afetivos. Após o preparo do sêmen, inicia-se a fertilização in vitro propriamente dita, que consiste em colocar os espermatozoides de melhor qualidade em contato com os óvulos em meio de cultura apropriado dentro de uma placa de vitro apropriada (origem do nome fertilização in vitro) e após isso, levada para a incubadora. A fertilização pode ocorrer de 16 a 18 horas e neste momento, a embriologista analisa todos os embriões diariamente.

O sucesso do procedimento depende, em grande parte, da qualidade técnica do laboratório. Para isso, controles de qualidade rigorosos são realizados periodicamente, visando sempre manter a qualidade e proporcionando o desenvolvimento adequado dos embriões. Após o período de três a cinco dias, ocorrerá a seleção dos embriões para a transferência. Feito isso, o médico responsável a e bióloga apresentarão o resultado final e após o acordo entre equipe médica e paciente, é decidida a quantidade de embriões que estarão aptos para realização da transferência e possível criopreservação. A transferência embrionária é realizada com a paciente em posição ginecológica, após colocação do espéculo vaginal é realizada a “limpeza do colo uterino” com meio de cultura com o objetivo de retirar o excesso de muco.

Todo o procedimento é guiado por ultrassonografia e quando o cateter de transferência estiver pronto, inicia-se a sua introdução através do colo uterino com a colocação embrionária no terço médio da cavidade uterina, procedimento este, indolor. Após finalização, a paciente ficará em repouso por aproximadamente vinte minutos, sempre ao lado de seu cônjuge. No momento da alta da paciente, inicia-se o uso de algumas medicações com o intuito de manter a fase lútea que garante o suporte hormonal apropriado para garantir também a receptividade endometrial e a implantação embrionária.

Depois de quinze dias, é realizado o teste de gravidez aguardando com muito otimismo e esperança a concepção e uma gestação repleta de saúde e amor. Vale a pena salientar que todos estes procedimentos laboratoriais e ultrassonográficos serão realizados com equipamentos de alta tecnologia e supervisionados por profissionais capacitados e treinados para este fim.